segunda-feira, janeiro 08, 2007

Eu desejo a todos que no próximo século o homem seja a medida de todas as coisas!
Dizer que o homem é medida de todas as coisas é dizer que as coisas do homem devem ter a medida do homem, e que o homem só existe em conformidade com sua ambigüidade constitutiva – um animal que pensa. Não há como abdicar de nenhuma dessas duas faces sem abortar a experiência humana na face da terra e do próprio universo. Uma das regras básicas do cosmos é a entropia, a propensão à desordem. Segundo Freud (outro que se filia na tradição iluminista), uma das pulsões fundamentais do homem é o desejo da morte. Portanto a existência humana é de uma radicalidade ímpar, um equilíbrio tênue entre os abismos do caos e da não existência. Ser "humano" é compreender e viver essa radicalidade.
A esperança – ingênua, mas necessária – que nos evoca um novo século e um novo milênio me permite sugerir um liame com a tradição que eleva o homem ao pautar sua conduta por valores condizentes com uma existência coletiva feliz. Somente o homem, com o uso da Razão e da Experiência, fundado numa compreensão profunda de seu destino no cosmos, é que poderá encontrar um caminho para um futuro digno e condizente com a Criação.
É por tudo isso, portanto, que não me envergonho e não me arrependo da frase infeliz e reitero aqui o meu voto de que no próximo século o homem seja – finalmente – a medida de todas as coisas. (Abílio Guerra)

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